Status literário

Há uma discussão antiga que coloca literatura "cult" (ou "alta" literatura) e literatura de massa em patamares diferentes. Como se um best seller não pudesse ser um livro bom.

Aliás, isso tem a ver com um pensamento de gente que só enxerga a vida de uma forma, que inclusive já falei nesse post. Essas pessoas têm uma mania terrível de classificar literatura de massa como inferior. Como se um livro para ser bom tenha, como requisito básico, que apresentar uma linguagem difícil (inacessível para a massa). Como se somente os clássicos, literatura "cult" ou "alta" literatura pudessem acrescentar algo ao mundo.

E dai que hoje a massa está lendo.

Consumindo literatura. E isso, por incrível que pareça, incomoda!

Incomoda porque a literatura (tanto para leitores quanto para escritores) tinha um certo status. Havia aqueles privilegiados, dotados de um dom divino que sabiam escrever. E havia o grupo seleto de intelectuais que se encontrava em Cafés para discutir o que o grupo anterior escrevia.

Só que hoje esses grupos não são mais tão seletos. As coisas evoluíram. Nasceram os Clubes do Livro, que se tornaram um lugar também de troca de experiências e não só de leituras.

A coisa tornou-se bem mais divertida!

Inclusive isso é outro problema para aqueles que faziam parte da antiga elite intelectual. Para eles, literatura comercial é quase um sacrilégio. Porque, obviamente, ler tem que se algo penoso, sofrido, uma coisa meio "underground" mesmo. Só que não né!

Ah, meu povo!

Literatura também é entretenimento! Coisa mais chata deve ser passar a vida se martirizando em uma leitura chata só porque é "cult". Eu quero mais é voar em um hipogrifo, nadar com sereianos, encontrar o Um anel, conhecer um Reino onde as vozes não se calam e uma terra onde todos os contos infantis se encontram. Quero visitar um mundo encantado através de um guarda roupa, navegar em mares desconhecidos a bordo de um navio pirata, enfrentar os deuses do Sonhar para resgatar a pessoa amada, construir uma ponte para Terabítia e assistir um Reality Show de uma fada com o cabelo violeta!

E quero fazer isso pra sempre! Não preciso passar dessa literatura para outra. Ela não é inferior. Quero chegar aos cem anos de idade gostando de fadas, dragões, anões e gigantes. Por que isso seria errado?

Eu prefiro ler algo que me faça sentir o que cada personagem sente, que me faça rir e chorar com eles, que acalente meu coração frente a uma perda, que faça pessoas começarem a gostar de ler e não porque é obrigação da escola, que faça uma mãe entender a sexualidade de sua filha e que ajude aqueles que pensam em desistir da vida, pois não encontram nesse mundo algo que os deixe felizes.

Eu prefiro ler algo que me toque a alma, 

E me faça sonhar.

E não desistir desse sonho.