"Todas as crianças crescem - menos uma"

Já faz um certo tempo que eu não vejo uma fada. Sim, eu já vi uma! Mas parece que elas pararam de aparecer para mim. O caso é que aconteceu comigo o que todos nós tememos que aconteça num certo momento de nossas vidas. Eu cresci! Na verdade, eu nem posso reclamar, pois eu fiz essa escolha. Poderia simplesmente ter escolhido não crescer, pois é possível. Porém, para isso, temos que ter absoluta certeza de que somos crianças, pois o Tempo tenta nos enganar, fazendo parecer que todos nós precisamos crescer um dia. Na verdade, até hoje, conheço apenas uma criança que nunca cresceu. Devem conhecê-lo também.

É mesmo uma pena não poder mais ver fadas. É uma experiência maravilhosa. Contudo, não posso deixar de pensar em mim como uma pessoa privilegiada. A maioria das pessoas hoje em dia nunca viram uma fada, nem mesmo quando crianças. E isso é algo muito triste.

Mesmo que eu não as veja mais, ficarei feliz se, um dia, quando meus filhos estiverem brincando no jardim, encontrarem uma dessas pequenas criaturas aladas. E então, quando vierem me dizer, eu contarei histórias sobre o Povo Pequeno e direi que também já vi uma fada. E toda noite, quando eu sentir um suave bater de asas em minha orelha direita, saberei que elas estão ali, perto de mim, mesmo que eu não mais possa vê-las.

A infância é realmente uma época maravilhosa. São tantas coisas que podemos fazer. Podemos escolher qualquer coisa entre milhões delas, ou simplesmente ficar com tudo. A infância é um mar de infinitas possibilidades, onde nem mesmo o céu é o limite. E crescer pode significar perder isso.

Mas para quem está triste porque cresceu ou porque sabe que isso acontecerá um dia, vou contar uma coisa que descobri há algum tempo. Nós não perdemos tudo da infância, apenas guardamos o mais importante numa caixinha que podemos abrir a noite, quando precisamos nos recordar de coisas como brincadeiras e sorrisos. Essa caixinha fica guardada numa ilha mágica e todos já fomos lá, pelo menos uma vez na vida. Quando crescemos, fica cada vez mais difícil chegar lá, pois só há uma maneira de fazer isso: voando. E quando nos tornamos adultos esquecemos como se faz isso. Sendo assim, o único modo de chegar a essa ilha é quando viajamos em nossos sonhos e nos perdemos neles. E então, voltamos a ser crianças.

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